Fundação Dorina Nowill para Cegos: 78 anos de transformação e inclusão


Fundação Dorina Nowill para Cegos


A trajetória da Fundação Dorina Nowill para Cegos é uma história de luta, inovação e transformação social, iniciada há 78 anos. Desde sua fundação, em 1946, a organização tem se dedicado à inclusão de pessoas cegas e com baixa visão, oferecendo não apenas acesso à leitura e à educação, mas também promovendo a autonomia e a independência desse público. “A Fundação leva o nome de sua idealizadora, Dorina de Gouvêa Nowill, e tem o propósito de promover a autonomia e a independência de pessoas cegas e com baixa visão, além de conscientizar a sociedade sobre inclusão e acessibilidade”, destaca o superintendente executivo, Alexandre Munck.

A paulista Dorina Nowill, que perdeu a visão aos 17 anos, enfrentou muitos obstáculos ao tentar continuar seus estudos e acessar livros em braille. Foi essa dificuldade que a motivou a fundar a então “Fundação para o Livro do Cego no Brasil”. Desde o início, a missão da Fundação foi clara: produzir e distribuir livros em braille, garantindo que as pessoas cegas pudessem ter acesso à leitura e à educação de qualidade. “Dorina levou seu sonho muito além e outras missões foram surgindo em sua trajetória”, relembra Munck, enfatizando a evolução e modernização da Fundação ao longo dos anos.

Ao longo de quase oito décadas, a Fundação se consolidou como referência na produção de materiais acessíveis e na prestação de serviços especializados para a inclusão social. Hoje, conta com um dos maiores parques gráficos braille em capacidade produtiva da América Latina, além de um estúdio audiovisual. Além da produção de livros e materiais em braille, tinta-braille e fonte ampliada, são feitas as versões faladas e digitais acessíveis. “A Fundação Dorina é reconhecida pela seriedade de um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e dignidade às pessoas com deficiência visual”, salienta Munck.

Em 2023, a Fundação Dorina atendeu cerca de 1.200 pessoas, resultando em mais de 28 mil atendimentos. Também produziu impressionantes 14 milhões de páginas em braille, essenciais para que milhares de escolas, bibliotecas e organizações em todo o Brasil pudessem receber materiais acessíveis, além dos materiais produzidos sob demanda por empresas, que neste caso tem o valor agregado que é revertido para os atendimentos, realizados gratuitamente à pessoas cegas e com baixa visão.


Fundação Dorina Nowill para Cegos
 

Além dos serviços de reabilitação e produção editorial, a Fundação desenvolve projetos inovadores, como o LEGO® Braille Bricks, que ajuda na alfabetização de crianças cegas e com baixa visão de forma lúdica e inclusiva. “Em 2023, distribuímos mais de 3.500 kits do LEGO® Braille Bricks para 46 municípios e 1.139 escolas, ajudando essas crianças a aprenderem braille de maneira divertida”, destaca Munck.

A Fundação também ampliou sua atuação para o esporte inclusivo, com a criação do projeto Fundação Dorina Esporte. Em 2024, foram estabelecidas parcerias com instituições como a Naurú, para a introdução ao atletismo, e a CADEVI, para o goalball masculino, evidenciando o compromisso da Fundação com a inclusão em todas as áreas da vida das pessoas com deficiência visual.

Os desafios, contudo, são constantes. “Ampliar nossa rede de apoio à inclusão é um dos principais desafios”, explica Munck. Para isso, a Fundação tem buscado novas parcerias e iniciativas para expandir seu alcance e aumentar o número de pessoas atendidas. A captação de recursos também é um desafio permanente, especialmente em um cenário econômico instável. Mesmo assim, a Fundação continua comprometida com sua missão de promover acessibilidade e inclusão.

O financiamento da Fundação é diversificado, contando com a contribuição de mantenedores, patrocinadores e a venda de serviços de acessibilidade para o mercado e governos. “A área de Soluções em Acessibilidade contribui de forma significativa para o aumento dos recursos”, pontua Munck.

Para a Dorina, a Associação Paulista de Fundações (APF) desempenha um papel estratégico na atuação da Fundação, proporcionando uma interface importante com outras fundações e colaborando em questões de políticas públicas e legislações que afetam o terceiro setor.

O futuro da Fundação Dorina Nowill para Cegos é promissor. Com um planejamento estratégico em andamento, prevê aumentar significativamente sua capacidade de atendimento até 2025, com novas parcerias e iniciativas em outras regiões do país. A Fundação também está fortalecendo seu apoio ao esporte inclusivo, com parcerias já estabelecidas nas modalidades de atletismo e goalball.

“Queremos potencializar nosso apoio ao esporte, que é um pilar muito importante no processo de reabilitação das pessoas atendidas na Fundação”, conclui Munck. A Fundação Dorina Nowill para Cegos continua, assim, a honrar o legado de sua fundadora, transformando vidas e promovendo uma sociedade mais inclusiva.